domingo, 20 de março de 2005

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 ainda não gosto de sair. prefiro ficar em casa, comendo pipoca e vendo tv. prefiro passar noites em frente ao computador ou escrevendo debruçada sob os meus cadernos. não troco essa vida pacata por nada. mas, entendam, compartilhar ar, às vezes, é necessário. ver gente é preciso. eu preciso aprender tocar as pessoas. e só estando com elas, vou conseguir. e eu não dei para beber. quer dizer, hoje não foi preciso. apenas desci, abri a garrafa de cerveja e despejei o líquido espumoso no copo laranja. delícia. um calor infernal. são paulo está transpirando por todos os lados. as pessoas estão cansadas e suadas. os carros são como saunas ambulantes. faz mais de 33 graus lá fora. eu estou dentro de um quarto fechado, recheado de paredes coloridas. quem me faz companhia é meu copo laranja de cerveja. meu gato está atormentando cachorros por aí. minha cabeça dói. meu coração ainda está esmagado. não há nada que faça eu esquecer aquele filha da puta. ele não é legal, ele é um filha da puta. e um filha da puta dos bons. não é qualquer homem que sabe ser filha da puta e não levar fama um. tem que ser bom, sacou? vim pensando nisso enquanto meu corpo cozinhava dentro de um ônibus. vim pensando nisso enquanto observava as pessoas pelo vidro. como as pessoas são feias. todas elas. mal arrumadas, mal educadas, mal encaradas. não gosto de ninguém. não faz sentido. isso tudo não faz sentido. não faz sentido eu tomar uma garrafa de cerveja sozinha, sendo que meus amigos de infância estão num bar perto de mim. quero ir pra lá também. quero despencar minha cabeça no ombro de alguém. quero ouvir smiths e dançar junto com algum amigo de infância. me tirem daqui agora. estou sufanco. estou morrendo.


preciso de um pão com mortadela.