quarta-feira, 6 de agosto de 2014

pesar

documentos separados. ginecologista marcado. a consulta com o psiquiatra já é amanhã. daqui a pouco saio para a caminhada e para as fotos. antes, preciso comprar pão e comida para o gato. falta-me o ar agora pela manhã. meu rosto está pesado, meus olhos estão pesados, eu estou pesada. estou pesando noventa e oito quilos. de novo. não estou sentindo o gosto da comida, ela me atravessa. as palavras me atravessam. desaprendi a falar nos últimos sete meses. o que está acontecendo comigo? o que são esses espaços em branco durante o meu dia? como seguir em frente carregando o meu peso e a solidão?

na segunda-feira, o corpo de uma mulher caído, logo após o seu suicídio. eu e o corpo, ali, no largo do machado. o desespero em forma de queda. o meu desespero, ali, com ela. o meu desespero, ali, nela. somos tão sozinhos. somos tão sozinhos. 

não somos capazes de mensurar o tamanho
da nossa solidão.

mais meia hora e saio para enfrentar o dia.
todo dia, uma batalha contra mim mesma,
contra o medo, contra o que me amarra as pernas
e o coração.

estou tão sozinha.
estou tão sozinha.