hoje, tudo errado.
não consegui enfrentar a sala de espera do ginecologista e voltei pra casa.
dormi umas três horas.
sonhos horríveis, horríveis.
nenhuma notícia do andy.
nenhum sinal da minha mãe.
somente eu e minha terça-feira esfumaçada.
fogo no centro de niterói.
fogo nas entranhas.
cinco meses que mais se parecem cinco décadas.
e se arrastam.
vamos em frente, andy, vamos em frente.
eu não desisto, você não desiste, vamos em frente.
saí para pegar o passaporte e deixar as coisas no correio. duas horas de ônibus até o leblon.
e o celular pifou, para ajudar.
nenhuma notícia do andy.
nada.
mas que caralho.
chego no leblon, chego naquele inferno,
e dou de cara com um dos sujeitos que arruinou a minha vida no rio de janeiro.
lembro do perdão.
lembro do tamanho da infelicidade dele e não gasto minhas energias com sentimentos de ódio e rancor.
subo as escadas, entro na sala, não há senha.
"moça, seu passaporte só vai estar pronto na sexta-feira".
caralho, caralho, caralho.
o que eu fiz para ter que ir ao leblon três vezes em menos de um mês?
caralho.
os pés estão me assassinando
"you think you deserve that pain, but u dont".
pego o primeiro ônibus.
três horas para voltar para niterói.
o celular volta a funcionar, mas:
nenhuma notícia do andy.
soubesse ele como eu fico em carne viva, ele não faria isso nunca mais.
é como se tirassem o meu balão de oxigênio.
horrível, horrível.
quase dez horas agora.
que dia mais miserável,
que mês mais horrível.
setembro I NEED U.